O relato a seguir, aconteceu em uma sexta-feira, no dia 13 de Abril de 2012, e usufruindo da ética, irei alterar os nomes das pessoas aqui apresentadas.
Era noite, e alguns dos meus parentes, e eu, decidimos ir à pastelaria mais próxima, para ter algum momento de descontração, no caminho encontramos um morador de rua, ele nos olhou e gritou: "Temam por aqueles que já se foram, pois um dos que partiram, hoje atormentará aquele de pouca fé", todos nós rimos e continuamos à caminhar.
Então, chegamos, fizemos nossos pedidos e em pouco tempo o lazer se tranformou em confusão e desentendimento, ninguém naquela noite havia tomado nenhuma bebida alcoólica, mas uma parente minha que chamaremos de Vítima, estava agindo de forma inquieta, olhando pra cima, e por um momento juro ter visto seus olhos brancos. Na hora da volta pagamos a conta, nos levantamos, e em alguns passos a Vítima, se pos a chorar. Eu estava na frente e pude ouvir os soluços de longe, estranhamos, perguntamos o motivo, mas ela não respondia.
Chegando na minha casa, a Vítima deitou na escadaria de cabeça pra baixo, e chorava muito, sentei à seu lado tentando puxá-la para baixo, para que ela entrasse na casa, mas ela me puxou pra cima e colocou sua boca bem perto da minha orelha e cochichou com uma voz diferente: "Essa noite será longa minha criança, seja forte", e enfim dois dos homens que eram meus parentes a puxaram carregada pra baixo, pela escadaria.
Colocaram-na em cima de minha cama, e ela sorria e chorava em intervalos curtos de tempo, eu já não reconhecia suas feições e sua face, senti um medo dentro de mim e comecei a chorar. Passaram-se 26 minutos e ela levantou e urinou no chão, rindo para nós, e se sentou em cima da própria urina.
Após isso, fui correndo chamar uma vizinha nossa, que era curandeira/benzedeira, que chamaremos de "A Salvadora". Ela veio com uma sacola de camurça, a abriu e colocou o conteúdo em cima da mesa da cozinha, pude ver algumas imagens de santos católicos, um crucifixo de madeira, alguns papéis, ervas e plantas, e água benta. Ela caminhou para o meu quarto e quando pôs o pé na porta, a Vítima começou a gritar para ela sair, a morder a própria língua e a se arranhar. A Salvadora pediu para que amarrassemos ela com cadarços na cama, e então saiu. Já na sala ela disse para meus parentes e para mim que a Vítima estava sofrendo uma possessão espiritual, e que precisavam chamar uma ambulância do SAMU. Não entendi o por quê, então ela me explicou que possessões assim são interrompidas quanto a pessoa que está sendo perturbada, aflita e possuída pelo espírito, dorme. Então ligamos e voltamos para o quarto.
A Salvadora olhou para a Vítima e passou nela as plantas e ervas, e falava baixinho algumas frases piscando os olhos rapidamente. Todos rezamos e o quarto se silenciou. A Salvadora perguntou: "Qual seu nome?", e ouvimos uma resposta violenta: "LUÍS, LUÍS", senti um arrepio e gritei para aquilo parar, e para aquele espírito ir embora, mas ouvi insultos e o espírito chamado Luís, disse: "Me respeite, ou será castigado!", e fui puxado pela Salvadora para fora do quarto, ela me fez perguntas, mas a única que ficou na minha cabeça foi a que ela me perguntou se o espírito havia me dito algo, então eu respondi que sim, no momento da escadaria a Vítima havia me dito para ser forte, pois a noite seria longa. A velha curandeira me disse então que naquele momento era algum anjo me avisando que nossa família estava guardada, e que aquilo foi um teste de fé para nós todos, e que Deus estaria todo tempo ao nosso lado. Aquilo me trouxe uma paz que me dominou e fiquei confiante de que aquilo ia acabar.
Passaram-se uma hora e a ambulância chegou, perguntaram o que estava acontecendo, e a Salvadora inventou alguma história, pedindo para a fazerem dormir com alguma droga, os médicos a colocaram dentro da ambulância e ela me olhou nos ohos pela janela do veículo, encarei aqueles olhos de volta, e vi que o espírito estava enraivado, fecharam a ambulância e levaram a Vítima.
No dia seguinte, todos da minha família que presenciaram o acontecido, combinaram não falar mais sobre aquilo, e fingir que foi apenas um sonho. Na manhã de sábado, trouxeram a Vítima para a casa de uma outra parente minha, e ainda estava dormindo. Quando acordou, cumprimentou todos normalmente, e a Salvadora explicou que ela não se lembraria de nada. Mas eu nunca esquecerei daqueles momentos.